Nila Pimentel Portela conta sobre a vida do casal e a criação da empresa de rastreamento, idealizada pelo marido, que prosperou rapidamente em Santarém e para outras cidades.
O jornalista e empreendedor Francisco Edson Portela, mais conhecido como Edy Portela, foi um exemplo de determinação por tudo o que conquistou em vida. Pensando na esposa e nos filhos, ele idealizou um empreendimento que prosperou não somente em Santarém, mas também em outras cidades, até fora do Pará. Após seis meses da morte do marido, Nila Pimentel Portela relembra sobre o início da vida do casal, criação da empresa familiar e dos desafios que eles superaram, juntos.
Os dois se conheceram em uma festa em Santarém, enquanto Edy Portela estava trabalhando. Ela tinha 23 anos de idade e ele, 43 anos. Mesmo tão nova, Nila enfrentou o desafio de ajudar a cuidar dos três filhos de Edson, já que ele trabalhava durante o dia e estudava à noite. Depois, Nila e Edy Portela tiveram dois filhos.
Em 2017, eles criaram a Ravena Rastreamento. A idealização da empresa surgiu de forma inusitada. O casal estava planejando uma viagem e decidiu colocar um rastreador na camionete que eles tinham comprado há pouco tempo.
“O Edy queria algo para nos dar mais segurança, porque íamos para outro Estado. Ele encontrou uma empresa pequena e colocou o rastreador no nosso carro. Ao chegar em casa, todo animado, mandou eu andar na camionete, quando fui dirigir, ela estava bloqueada, não rodava, eu fiquei espantada. Então ele explicou sobre o sistema de bloqueio e rastreamento da empresa”, contou Nila.
Pelo fato de, na época, haver muitos furtos de veículos e como eles já pensavam em ter o próprio empreendimento, Edy teve a ideia de propor sociedade com o dono da pequena empresa que havia instalado o rastreador no carro deles.
No entanto, o dono da empresa não aceitou. Edy Portela decidiu então buscar informações sobre o funcionamento deste tipo de empresa para criar o próprio empreendimento. “Ele entrou de cabeça, estudou sobre qual seria a melhor forma, porque nessa área tem muita concorrência e tem que saber o caminho. Para fora, como em São Paulo, eles alugam uma plataforma, então estávamos com esse empecilho, iríamos ser reféns das empresas de fora”, disse Nila.
Edy Portela acabou conseguindo comprar uma plataforma para a empresa, o que se tornou um diferencial sobre a concorrência. “Como ele falava inglês fluentemente, estudou como criar uma plataforma própria e então conseguiu comprar a nossa plataforma, que é nosso diferencial. As empresas pequenas dependem de empresas de outros estados, e nós não”, explicou Nila.
A preocupação não acabou por aí. Os dois ainda tinham outras pendências e o dinheiro estava pouco, já que haviam gastado muito com a plataforma. Com dois filhos pequenos, surgiu o medo. “Tínhamos pouquíssimo dinheiro, investimos muito na plataforma. Foi um tiro no escuro”.
Mesmo com as dificuldades, eles conseguiram ir resolvendo as outras situações, estudaram sobre esse tipo de trabalho e Edy Portela repassou aos filhos como funcionava a empresa. “Eu e o filho dele mais velho aprendemos a mexer em tudo, porque não é só montar. Tem que aprender muita coisa, muito código. Foi uma coisa totalmente diferente para mim”, relatou Nila.
O negócio familiar prosperou. Nila estava por dentro de tudo, desde o início. “Quando aconteceu de ele falecer, eu não fiquei perdida com relação aos assuntos da empresa, sobre as negociações, mesmo não sendo a minha parte, porque eu ficava mais no escritório, atendendo, e ele cuidava do financeiro, mas eu sabia de tudo, porque ele sempre dizia: ‘A empresa é sua. Você precisa estar por dentro de tudo. Eu tenho meu outro trabalho’. Ele sempre me incentivava”, ressaltou ela.
A empresa se expandiu rapidamente. Hoje, além de Santarém, há polos da empresa em Belém (PA), Macapá (AP), Manaus (AM) e em Itaituba (PA). Em Belém, Macapá e Manaus, são os três filhos mais velhos de Edy Portela que gerenciam. “Ele queria mesmo que os filhos tomassem gosto pelo trabalho, pelo nosso negócio familiar”, ressaltou Nila.
A Ravena Rastreamento se tornou um negócio que deu certo, tanto que se expandiu para outras cidades em um período de tempo muito curto, mas o casal precisou enfrentar obstáculos para chegar onde chegou. “No começo, foi bem desafiador, ele tinha as ideias dele, eu tinha as minhas. Às vezes, ele era afobado e eu tinha que frear um pouco. Passamos por alguns perrengues com dinheiro, porque ele investiu tudo que a gente tinha. Eu ficava com um pouco de medo, porque tinha duas crianças, mas deu tudo certo”, contou Nila.
Legado que vai além do negócio lucrativo
Edy Portela conquistou o carinho de muitas pessoas durante a vida. Era um jornalista que se preocupava com as necessidades da população, que estava sempre disposto a ajudar no que podia.
“Ele tinha um coração enorme. Se preocupava muito com os outros. Chegava Natal, fazia campanha, arrecadava aquele monte de cesta para dar para as pessoas. Até hoje vem gente aqui em casa e eu continuo ajudando por ele”, ressaltou a esposa.
Edy Portela fundou a Ong “Nações do Bem”. Ele arrecadava alimentos, roupas e outras doações para destinar às pessoas mais carentes. Nila Pimentel conta que já aconteceu de pessoas baterem na porta de madrugada para pedir ajuda para comprar caixão.
“Nós levantávamos, falávamos com os outros membros da Nações do Bem, ele pedia ajuda na TV, se não conseguia, ia bater na porta dos empresários, ele era desse jeito, muito determinado”, relatou.
Com a família, Nila conta que Edy era um exemplo de bom pai e marido. “Uma pessoa maravilhosa, como marido, não tinha do que reclamar, com os filhos, era muito amoroso. Até hoje, os filhos choram com saudade dele. Ele era incapaz até de levantar a voz para eles”, contou.
Sobre Francisco Edson Portela
A trajetória de Portela foi cheia de reviravoltas. Quando pequeno, morava no sítio, em Tianguá, no Ceará, cidade em que nasceu. Já trabalhou como caminhoneiro, chegou a passar fome na estrada. Trabalhou por algum tempo no garimpo, com a mãe.
Edy Portela trabalhava com o jornalismo desde o ano de 1990. Foi apresentador do programa policial Patrulhão da Cidade, da TV RBA em Santarém, afiliada da Bandeirantes, desde 2012. Já havia passado pela emissora em 1996 e já trabalhou em outros veículos como os jornais “Impacto” e a “Gazeta”, além da Rádio Clube e da TV Ponta Negra. Chegou a ser correspondente do Programa do Ratinho, realizando matérias nacionais. Já passou por outros veículos de comunicação nas cidades de Manaus e Fortaleza.
Francisco Edson Portela morreu em 16/06/2020, com 55 anos, de infarto fulminante.
Confira a sua última entrevista para o programa CAFÉ CHIC produzido pela Obra Prima Produtora.
Fonte: as5
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