Chefe de OS que administrava hospital público no Pará tem relação com o PCC
Preso por organização criminosa, Cleudson Montali estava à frente do Abelador Santos na gestão Helder Barbalho.
Durante o julgamento do pedido de habeas corpus do médico Cleudson Garcia Montali, apontado como o chefe de um esquema criminoso que teria desviado dinheiro público da saúde em diversos hospitais públicos em vários estados, inclusive no Pará, durante a gestão do governador Helder Barbalho (MDB), os ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Sebastião Reis Júnior, Moura Ribeiro e Laurita Vaz, atribuíram a negação unânime de liberdade à extrema gravidade na conduta do acusado e a ligação do médico com membros da facção criminosa conhecida como “PCC”.
Em um trecho da decisão o Magistrado diz “CLEUDSON GARCIA MONTALI, apontado "como líder da organização criminosa por ele criada com a finalidade de desviar, em proveito próprio e alheio, verbas públicas destinadas à saúde. Segundo a acusação, os desvios se davam por meio de contratos de gestão formalizados com o poder público, mediante fraude à licitação e, num momento seguinte, pela contratação de empresas prestadoras de serviços, das quais, via de regra, figurava por detrás e de forma oculta, registradas em nome de pessoas de sua confiança, destinadas exclusivamente à emissão de notas frias por serviços ora não prestados, ora superfaturados, que lhe proporcionaram o desvio do dinheiro público" (fl. 1.217).” justifica o documento.
A contratação de pessoas com cargos de chefia dentro de organizações criminosas também chamou atenção da Justiça para a periculosidade dos acusados “Consignou-se também que "CLEUDSON, através de terceiras pessoas e corréus, intimidou testemunhas e praticou ameaças ao delegado que presidia a investigação, o mesmo sendo feito em relação ao juiz de Agudos, como já relatado acima. Segundo a investigação e a acusação, CLEUDSON ainda contratou o corréu Genilson, que, segundo apurado, é “sintonia final do PCC”, para fazer a segurança da organização, o que só vem reforçar a necessidade da prisão preventiva.” concluiu a sentença.
Criminosos no comando do Abelardo Santos
Investigações realizadas pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP e pela Polícia Civil apontaram que a organização criminosa era liderada pelo médico Cleudson Garcia Montali. Através da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Birigui e Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Pacaembu, que administrou o Hospital Regional Abelardo Santos, em Icoaraci, de agosto de 2019 até março de 2021, ou seja, já na gestão de Helder, que também é investigado pela Polícia Federal e MPF por suposto desvio de verbas destinadas ao combate da covid-19. Cleudson Montali celebrou contratos de gestão mediante licitações fraudulentas com o poder público para administrar a saúde de diversos municípios e desviando parte do dinheiro repassado por força do contrato de gestão às referidas Organizações Sociais.
Investigação
As investigações, duraram cerca de dois anos e culminou com a prisão de mais de 50 pessoas. As organizações sociais de Cleudson cresceram rapidamente e fecharam contratos em 27 cidades de quatro estados: Pará, Paraíba, Paraná e São Paulo. Conforme a investigação, a quadrilha, que tinha a participação de políticos, desviou R$ 500 milhões, que deveriam ter sido investidos em hospitais e no tratamento da Covid-19.
Em muitas das vezes, os políticos estavam envolvidos para ajudar na primeira fase do esquema, o fechamento de contratos com o poder público.
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