terça-feira, 7 de setembro de 2021

Mototaxista morre com suspeita da doença 'urina preta' no PSM de Santarém

 

Depois de dar entrada no Pronto Socorro Municipal de Santarém (PSM), na noite de segunda-feira, 06, apresentando grave estado de saúde, um mototaxista credenciado, de nome Genivaldo (mototaxi STM 419), de 55 anos, morreu na manhã desta terça-feira, 07 de setembro, com suspeita da doença 'urina preta'. 
Segundo informações de familiares, o mototaxista almoçou um peixe no domingo, dia 05, e pela parte da tarde passou mal, com as pernas doendo muito, e foi levado para o PSM, onde tomou uma medicação e depois foi liberado para voltar pra sua casa. Na segunda-feira (06) voltou a passar mal e foi levado de volta ao PSM, onde não resistiu e no começo da manhã desta terça-feira (07), mais precisamente por voltas das 05 às 06 horas, foi a óbito. Uma equipe médica está avaliando o laudo que apontou bactéria generalizada.  
Mototaxistas que trabalham no ponto em frente ao PSM revelaram que, no laudo médico consta que o colega de profissão morreu de uma bactéria generalizada (desconhecida) e, que por ser tratar de uma doença nova, ainda não foi descoberta a causa pelos profissionais de saúde. 
Além do paciente do PSM, há informações de que, em Alter do Chão, de acordo com os mototaxistas, existem duas pessoas sendo monitoradas por autoridades de saúde, com suspeita da “urina preta”. 
Nossa reportagem entrou em contato com a Assessoria de Comunicação do PSM, mas até o fechamento da matéria não foi confirmada a causa da morte do mototaxista. 
Nota de esclarecimento 
A direção do Hospital Municipal de Santarém Dr. Alberto Tolentino Sotelo (HMS) informa que recebeu ontem, 6 de setembro, um homem com sintomas parecido com a doença de Haff, conhecida popularmente como "doença da urina preta". Por tanto, um caso suspeito.
O homem de 55 anos chegou com quadro clínico delicado, recebeu todo atendimento da equipe médica da estabilização do HMS, mas não resistiu e infelizmente morreu no início da manhã de hoje. Por se tratar de um casos suspeito da doença de Haff, os órgãos competentes foram acionados para seguir os protocolos técnicos.
SURTO NO AMAZONAS  
Dados da Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM) apontam que até o dia 2 de setembro, já haviam sido confirmados 54 pacientes acometidos com a rabdomiólise, conhecida como doença da 'urina preta' e uma morte, no Estado do Amazonas. 
Todos os pacientes, segundo a FVS, haviam se alimentado de peixes. 
O surto da doença no estado vizinho deixou autoridades de saúde do Pará em alerta. 
A DOENÇA 
De acordo com especialistas, a doença da 'urina preta' (Doença de Haff), é causada por uma toxina que pode ser encontrada em determinados peixes como o tambaqui, o badejo, pacu-manteiga, pirapitinga e a arabaiana ou crustáceos (lagosta, lagostim, camarão). Quando o peixe não foi guardado e acondicionado de maneira adequada, ele cria uma toxina sem cheiro e sem sabor. 
O QUE É A SÍNDROME DE HAFF? 
A causa específica da doença de Haff permanece desconhecida, e é uma enfermidade relativamente recente, descrita há menos de um século. Segundo artigo publicado por médicos pesquisadores do Hospital São Lucas Copacabana, da Universidade Federal Fluminense (UFF), a Síndrome de Haff é um tipo de rabdomiólise humana caracterizada pelo início repentino de rigidez muscular, ainda inexplicada, dentro de 24 horas após o consumo de certos tipos de peixes. De acordo com estudos divulgados, ela é provavelmente causada por uma toxina que ainda não foi identificada. Além disso, frequentemente ocorre como consequência o aparecimento de uma urina escura em função da insuficiência renal, razão pela qual essa o sintoma é utilizado para designar a doença. 
Segundo os médicos, são necessários outros estudos para identificar a toxina envolvida e o mecanismo que induz à sua expressão, já que as espécies de peixes de água doce e crustáceos citados em todos os relatos são diariamente ingeridas por pessoas em todos os países em que foram descritos surtos, sem que ocorra o desenvolvimento da doença. Segundo o estudo da UFF,  a doença de Haff e todos os casos de rabdomiólise devem ser tratados para prevenção de graves efeitos metabólicos e renais, que podem levar a insuficiência renal aguda, o que pode levar a morte. 
Uma pesquisa da Fiocruz, intitulada Clinical and laboratory evidence of Haff disease – case series from an outbreak in Salvador, Brazil, December 2016 to April 2017, que estudou 15 casos ocorridos durante um surto da doença em Salvador, na Bahia, apontou que 14 pacientes tinham ingerido peixe cozido das espécies ‘Olho de Boi’, também conhecido como Arabaiana, ou ‘Badejo’. 
Nos casos diagnosticados em Recife, o pescado “olho de boi” foi ingerido por duas pessoas, que adquiriram a doença, sendo que uma delas morreu no último dia 3 de março.  
UM POUCO DE HISTÓRIA 
O nome “Síndrome de Haff" tem origem por conta da descoberta da doença ter sido em um lago chamado Frisches Haff, na região de Koningsberg em 1924. O território, à beira do Mar Báltico, pertencia à Alemanha, mas foi incorporado à Rússia posteriormente, constituindo um enclave entre a Polônia e a Lituânia. 
Durante o século XX, foram registrados surtos pontuais pela Europa e nos Estados Unidos. Em outubro de 2008, foi relatado um surto de 27 casos de doença de Haff associada com o consumo de pacu-manteiga, tambaqui e pirapitinga, na região norte do Brasil.  
O que todos tinham em comum? Os pacientes identificados consumiram vários tipos de peixes cozidos ou outros produtos aquáticos e até 24h após a ingestão apresentaram sintomas como a urina da cor de café, dores fortes abdominais, caracterizado por uma repentina rigidez muscular. 

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