Mais de 16 mil crianças entre 0 e 9 anos de idade já tiveram covid-19 no Pará, entretanto, o estado segue apresentando níveis baixos de imunização infantil. De acordo com dados do Vacinômetro, da Secretaria de Saúde do Estado (Sespa), apenas 24,25% da população infantil tomou a primeira dose da vacina, e somente 3,51% chegou a receber a segunda dose.
Na opinião da pedagoga Thaís Gomes, mãe do Caio, de oito anos, e do Theo, de cinco, ambos vacinados, o compartilhamento de fake news sobre a vacina pediátrica tem desencorajado os pais a levarem seus filhos até o posto de vacinação: “Eu mesma já ouvi muita preocupação de outros pais, na escola deles, com receio da vacina, divulgando fake news”, relata.
Thaís conta que seu próprio marido tinha medo de vacinar o Caio e o Theo, mas, com o tempo, entendeu a necessidade da imunização: “É o que eu sempre falo: a maioria dos pais vacina as crianças, contra outras doenças, desde o nascimento. Essa seria só mais uma vacina. E é melhor a criança tomar uma vacina do que pegar covid-19 e vir a morrer pela doença”.
Agora, Thaís aguarda o período certo para que os filhos possam tomar a segunda dose e incentiva outros pais a fazerem o mesmo: “Muitos pais têm medo, mas é preciso entender que eles também assumem o risco quando não os vacinam. Então é melhor confiar na ciência e se vacinar”.
O médico infectologista Paulo Farias, responsável técnico pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) da Santa Casa, também incentiva a vacinação infantil e alerta que é importante se informar com fontes seguras e não acreditar em informações falsas: “Mitos de que a vacina causa sequelas, autismo, paralisia, risco de Aids… Isso é totalmente irreal”, afirma.
Além disso, do ponto de vista da pandemia, uma população infantil tão grande e pouco vacinada acaba sendo um risco para toda a sociedade, como explica o especialista: “O problema da não-vacinação, além de a criança ficar doente, é que ela vai manter o potencial de transmissibilidade do vírus e, assim, a gente não consegue se livrar dessa doença”.
O infectologista explica que, no caso de outras doenças virais já consideradas erradicadas, a imunização do público infantil foi fundamental para o resultado positivo das campanhas: “a criança também é um intermediário no processo de transmissão, além disso, o próprio sistema imunológico infantil já é melhor do que do adulto, porque tem menos comorbidades. Vacinadas, as crianças e as pessoas ao redor ficarão ainda mais protegidas”.
O médico esclarece, ainda, que a vacinação pediátrica contra a covid-19 consegue não apenas reduzir a transmissibilidade do novo coronavírus, mas também proporcionar às crianças a diminuição dos sintomas, caso venham a se infectar posteriormente, proporcionando uma recuperação mais rápida e segura.
Em nota enviada à reportagem, o Estado informou que realiza a distribuição das vacinas aos municípios em até 48h após a chegada ao Pará, tendo enviado, até agora, um total de 894.450 doses de vacina para crianças de 5 a 11 anos. “A Sespa também treina as equipes municipais, promove campanhas de mobilização, combate as fake news e orienta as secretarias municipais a melhorarem suas estratégias de vacinação. A Sespa ressalta, ainda, que a aplicação da vacina é de responsabilidade dos municípios, bem como o preenchimento das informações no sistema do Ministério da Saúde”, diz o texto.
com informações OLIBERAL
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