Se você fosse dono de uma fortuna
(proprietário de um patrimônio milionário), sujeitar-se-ia às
intempéries/dificuldades de exercer a rotina e as tarefas de um servidor
público? Para a maioria acredito que a resposta seria não! Porém, este
não é o caso do senhor Luciano de Meneses Evaristo, vice-presidente do
Ibama.
De acordo com a denúncia recebida pela
reportagem do Jornal O Impacto, Luciano é o todo-poderoso do órgão
ambiental federal, e suposto maestro de esquemas de favorecimento dentro
da entidade. Com uma simples consulta – em seu nome ou de alguns
familiares – é possível verificar o montante (R$) milionário que o
servidor público possui. Segundo o denunciante, a fortuna do
vice-presidente do Ibama é avaliada em milhões de reais.
Tal denúncia já chegou ao conhecimento
do Ministério Público Federal (MPF) de Brasília, através de uma
representação da Associação Nacional dos Fiscais Federais do meio
Ambiente (ANFFEMA), que solicitou da Polícia Federal que iniciasse uma
investigação para verificar, como foi que Luciano adquiriu esse
patrimônio, fato completamente incoerente e incompatível com a renda
auferida como servidor público, ocorrência que supostamente denota
enriquecimento sem causa. Luciano Evaristo já foi indiciado por
corrupção passiva, e é acusado de cobrar propina de produtores rurais.
IPL Nº 0275/2014-4 – SR/DPF/DF – DELFIN.
Segundo o denunciante, os acontecimentos
que causaram o caos na Gerência do Ibama/Santarém foram orquestrado
pelo vice-presidente do Ibama, se utilizando de servidores que fazem
parte de seu grupo, para livrar de processos.
Prova disso é o fato de que alguns
servidores que cometeram irregularidades autuando ‘laranjas’, ao invés
de sofrerem punições por meio de Processo Administrativo Disciplinar
(PAD), acabaram recebendo promoção para ocuparem cargos e funções
comissionados (Direção e Assessoramento Superiores-DAS). De acordo com
documentos deixados na redação do Jornal O Impacto, alguns servidores do
grupo e que passaram pelo Ibama/Santarém, receberam promoções após
autuarem ‘laranjas’. Uma tornou-se Superintendente, outro tornou-se
Chefe de Gabinete da presidência do Ibama e Sérgio Noriyuki Suzuki
tornou-se assessor especial do Gabinete da Gerência em Santarém e
provavelmente assumirá a Superintendência em Belém.
DOIS PESOS E DUAS MEDIDAS: De acordo com
Auto de Infração nº 9086928-E, no dia 13 de outubro de 2015, um homem
identificado como Diego Malheiros Nogueira, recebeu multa de 310 mil
reais. O Auto de Infração foi assinado pelo servidor do Ibama, Sérgio
Noriyuki Suzuki . Porém, Diego era ‘laranja’, fato que encobria o
verdadeiro responsável pelo crime ambiental, que se tratava de uma das
pessoas presas na ‘Operação Castanheira’, Luiz Lozano Gomes da Silva.
Conforme apurado pelo Jornal O Impacto,
através do denunciante, não conseguindo sustentar essa mentira e ao
comando de Luciano Evaristo, a Coordenadora da Coordenação de Operações
de Fiscalização, na época, por meio do Despacho 02001.028159/2015-07
COFIS/IBAMA, sugeriu ao Serviço de Apoio Ambiental de Santarém, que
autuassem Luiz Lozano pelo descumprimento do embargo relativo ao TEI
615180-C e AI 641194-D de 29 de agosto de 2013 e pelo desmatamento da
área adjacente, referente ao AI 9086926-E por destruir 41,38 hectares de
floresta nativa.
Após ter sido tornado público a intenção
de autuar um ‘laranja’, o servidor Sérgio Suzuki teve seu nome
encaminhado para averiguações junto ao Ministério Público Federal (MPF),
no entanto, não recebeu nenhuma punição interna pela suposta
irregularidade na autuação de Diego Malheiros, pelo contrário, foi
promovido a assessor especial do gabinete da Gerência do Ibama/Santarém,
e segundo uma fonte, aguarda uma nomeação de Superintendente.
Ainda de acordo com o denunciante,
Sérgio Suzuki veio a Santarém a mando de Luciano Evaristo, elaborou a
Nota Informativa s/nº/2013, a qual verificou possíveis irregularidades
na atuação e tramitação de processos administrativos vinculados ao
Ibama, gerando suspeitas de afastar os verdadeiros responsáveis legais
por crimes ambientais, por meio de interposição de ‘Laranjas’, como
falsos responsáveis para arcar com as multas aplicadas, com possível
participação de funcionários públicos lotados na entidade de
fiscalização ambiental. Mesmo não aparecendo na nota, nesta situação,
Luciano Evaristo é acusado de ter encaminhado à Polícia Federal, apenas
os nomes dos servidores que são seus desafetos.
DOCUMENTO OMITIDO: Um suposto servidor
do Ibama, que é peça no jogo do poder estabelecido pelo vice-presidente
do órgão federal, trata-se do atual Chefe de Gabinete da Presidência do
Ibama/Brasília. Conforme denunciante, veio a Santarém a mando de Luciano
Evaristo, prestar depoimento caluniador, no auto do IPL 232/08/DPF-STM,
tentando incriminar os servidores de Santarém. Após sete anos de
investigação, o processo foi arquivado por falta de provas, sendo que
apenas um servidor foi indiciado. E mesmo assim, tal servidor foi
indiciado porque o Chefe de Gabinete da Presidência do Ibama omitiu
documento público, não apresentando às autoridades policiais o memorando
interno nº 305/2009.
CORREGEDORA INERTE: Segundo o
denunciante, a Corregedora do Ibama talvez seja a principal figura que
garante a impunidade dos servidores que têm a proteção de Luciano
Evaristo. Amiga do vice-presidente, a Corregedora não apurou nenhum dos
casos envolvendo os apadrinhados de Luciano Evaristo.
A pedido de Luciano Evaristo, realizou
uma falsa correção no Ibama/Santarém, conforme a
PORTARIA/IBAMA/PRESI/Nº497, de 25 de abril de 2014. Esgotado o prazo, a
Corregedora não apresentou o relatório conclusivo das apurações
efetuadas acerca dos fatos tidos como irregulares, tão pouco, instaurou
Processos Administrativos Disciplinar (PAD) para apurar as
irregularidades, pois Luciano Evaristo supostamente ordenou, que ela
deixasse como estava, caso contrário, iriam descobrir a verdadeira
intenção, e que era criminalizar os servidores do Ibama/Santarém, e
obterem promoções dentro do Instituto. Também pesa contra a Corregedora,
a acusação de ter descumprido ordem do presidente do Instituto, quando
documentos foram entregues na mão do presidente do Ibama, no dia
14/10/2014, que encaminhou para a Corregedoria, para que fossem
realizadas as análises pertinentes, e tomadas as providências. Passados
dois anos, a Corregedora não apresentou qualquer análise, muito menos
fez encaminhamentos sobre as denúncias, “pois se fizer algo, terá que
afastar da portaria de fiscalização, no mínimo 700 fiscais”, e diante
dessa omissão, alguns servidores, desafetos, são perseguidos e sofrem
medidas judiciais, tais como, busca e apreensão de documentos e coisas,
prisões cautelares e afastamento das funções.
GERÊNCIA DE SANTARÉM A SERVIÇO DE QUEM? É
de causar indignação que um órgão tão importante para o Brasil esteja
sendo usado como moeda de troca. É preciso que as autoridades
brasileiras – principalmente o Ministro do Meio Ambiente – possam com
seriedade e com Justiça abrir a verdadeira ‘caixa preta’ que tornou-se o
Ibama no estado do Pará. De acordo com denunciante, quando Luciano
Evaristo percebeu que as tentativas de mascarar as ilegalidades
cometidas por Sérgio Suzuki, determinou à gerência do Ibama em Santarém
que tentasse operar seus pedidos administrativamente, instalando um
verdadeiro caos no Ibama/Santarém. Foi, então, que se iniciou o processo
de caças às bruxas. “Por meio de ameaças e coação, diferentemente da
forma como agia anteriormente que era velada e discreta, passou a
obrigar os empresários a realizarem denúncias contra os servidores, em
troca de desbloquear as empresas. Uma verdadeira ‘delação premiada’ à
revelia da justiça brasileira”, disse o denunciante. A gerente do
Ibama/Santarém é a mesma que autorizou o uso de um helicóptero de forma
supostamente indevida, no município de Novo Progresso, denúncia
realizada pelo Jornal O Impacto.
APURAÇÃO DO CASO DO HELICÓPTERO: Depois
de noticiada nas páginas do Jornal O Impacto a denúncia sobre a
utilização supostamente indevida da aeronave do Ibama – depois de muita
pressão – através de Ordem de Serviço, o auditor substituto Ademar
Soares Orrico, compôs equipe para apurar o caso. Porém, segundo fontes,
presume-se que o processo foi somente de fachada, uma vez que Luciano
Evaristo já determinou que o caso seja abafado.
PF DEFLAGRA OPERAÇÃO LUPA II EM
SANTARÉM: A Polícia Federal, em parceria com o MPF, deflagrou, em
Santarém, na manhã de quinta-feira (13) a operação LUPA II. Ao todo,
foram cumpridos um mandado de prisão preventiva de um servidor do Ibama,
quatro mandados de busca e apreensão, que foram realizado nas
residências e no local de trabalho dos investigados, e dois afastamentos
cautelares de servidores do órgão federal em Santarém. Segundo apuração
do Jornal O Impacto, foi preso o servidor Elton Cândido, fiscal, e
foram afastados das funções o fiscal Wanderley Santos, lotados no
escritório do Ibama em Santarém, e a ex-interventora do Ibama, Silvana
Cardin.
Na operação foram apreendidos notebooks,
pen drives, celulares e diversos documentos relacionados ao Ibama. De
acordo com as investigações, que duraram cerca de um ano, os servidores
envolvidos estariam exigindo propina a donos de madeireiras embargadas e
com restrições para que estas empresas fossem liberadas para funcionar.
O inquérito surgiu a partir de denúncias ao MPF das próprias vítimas
(os representantes dessas madeireiras). O material apreendido foi
encaminhado para análise e perícia, e o servidor preso seguiu para o
Presídio de Cucurunã. A operação Lupa I foi deflagrada em 2014 e
investigava fato similar ao caso atual.
Por: Edmundo Baía Júnior
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