Parece não ter fim o sofrimento de
pacientes que precisam realizar o tratamento de hemodiálise em Santarém.
O cenário, a cada de dia que passa, fica mais caótico, e coloca em
risco a vida de quem recorre ao atendimento, e não o tem modo
satisfatório.
Neste ano, houve o aumento exponencial
da demanda, no entanto, a disponibilização de recursos por parte do
Governo do Estado – responsável pelo financiamento do tratamento de alta
complexidade -, não acompanhou o crescimento, pelo contrário, segundo
os pacientes renais crônicos, o Governador Simão Jatene determinou a
redução pela metade dos recursos anteriormente destinados ao serviço.
Em Santarém, oeste do Pará, o tratamento
de hemodiálise é realizado em duas unidades. No Hospital Regional do
Baixo Amazonas (HRBA) e no Centro de Nefrologia Municipal, que fica
localizado nas dependências do Hospital Municipal de Santarém (HMS). O
serviço é de responsabilidade do Governo do Estado, no entanto, o
município mantém um convênio junto à gestão do estadual, para prestar o
serviço no âmbito do HMS.
Segundo Miguel Maciel, presidente da
Associação dos Pacientes Renais Crônicos do Oeste do Pará, a dificuldade
aumentou com a redução dos recursos oriundos deste convênio.
“A situação do tratamento de hemodiálise
em Santarém está complicado no HMS, uma vez que ele é porta de entrada
para os municípios da região do Baixo Amazonas. Hoje nós temos uma área
de um milhão e cem mil habitantes, Santarém é Polo, esta região demanda
para Santarém, principalmente pacientes de nefrologia, do qual depende
da hemodiálise. Nós temos 27 pacientes internados no HMS, precisando
fazer esse tratamento internado, ocupando leitos que deveriam ser para
outros atendimentos. Esses pacientes não podem ser liberados porque não
tem máquina suficiente no HMS. Hoje temos 11 máquinas rodando, uma que
fica de reserva, se caso quebrar uma máquina. Mas isso daí não é
suficiente, já roda um quarto turno há mais de 2 anos no HMS para que
esses pacientes possam ser atendidos, e não venham a óbito. O
atendimento não é como no Hospital Regional, que já faz o quarto turno,
mas recebe um aditivo para isso. Então, no HMS a situação é crítica. A
prefeitura não está pagando os fornecedores, com isso eles diminuíram a
entrega dos insumos. Não tem agulha, não tem descartáveis, como luvas e
máscaras. Está uma situação complicada no HMS. Levei ao conhecimento da
associação dos pacientes renais crônicos e transplantados de Belém.
Conversamos com a Belina, que é diretora. Ela tentou falar com Dr. Vitor
([representante da Secretaria de Estado de Saúde) para mostrar a
situação da região do Baixo Amazonas. O estado repassava para município
cerca de 200 mil reais por mês, e desde junho, ele reduziu para 100 mil
reais. O montante de recursos anterior dava para manter o serviço de
forma satisfatória, e agora com essa redução pela metade, a situação
ficou complicada”, denuncia Miguel Maciel.
Para ele, a situação também é resultado
da má gestão e falta de planejamento, uma vez que o número de pacientes
que precisam do tratamento tem tendência de crescer.
“Talvez seja uma falta de gestão, mas é
situação é essa. Nós temos muitos pacientes e a demanda cresceu muito,
mas precisamos aumentar para um número de 70 máquinas operando. E
somente ampliando o Hospital Municipal e também Regional para que esse
número seja atingido.
ATENDIMENTO ADEQUADO: Para
nossa equipe de reportagem, Maciel revelou como seria o atendimento
satisfatório, por enquanto, muito distante da realidade. “Se tivesse o
número suficiente de máquinas, eles (27 pacientes que estão internados
no HMS para realizar hemodiálise no quarto turno) estariam realizando o
tratamento de 4 horas, e estariam em sua residência. Esse pessoal que
está internado, infelizmente vai passar o Natal e Fim de Ano
hospitalizado, para poder fazer o tratamento de hemodiálise, para poder
ter uma melhor qualidade de vida, sobreviver, até conseguir uma vaga na
máquina, ser cadastrado para poder fazer as 4 horas e retornar para sua
casa”, diz Maciel.
PERSPECTIVA: Para
Miguel, a nova gestão municipal deve priorizar o serviço, já que a forma
que está sendo conduzida coloca em risco a vida dos pacientes. “A gente
espera que com o novo Governo Municipal, a situação venha a melhorar,
porque ele é médico (prefeito eleito Nélio Aguiar), conhece a realidade,
ele já foi secretário de saúde, sabe da dificuldade que é trabalhar no
serviço de hemodiálise, então a gente conta com o novo prefeito, que dê
encaminhamento para a situação. Tem que tomar decisão. Penso que, se a
prefeitura não tem condições de arcar com as despesas do serviço de
hemodiálise, que é de alta complexidade, que ele faça a entrega para o
Governo do Estado”, conclui.
Por: Edmundo Baía Júnior
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