Mais de 300 mulheres fizeram denúncias contra o médium no Ministério Público; ele é acusado de abuso sexual.
A Justiça de Goiás decretou a prisão preventiva de João Teixeira de Faria, conhecido como João de Deus. Ele é acusado de abuso sexual por mulheres que buscaram atendimento na casa. Relatos reunidos até o momento indicam que, depois da sessão, o médium ofereceria para as supostas vítimas atendimento particular, momento em que os abusos seriam cometidos. Para o Ministério Público, a semelhança nos depoimentos reforçam as suspeitas contra o médium. De segunda a quinta-feira, 13, 330 denúncias foram coletadas pelo Ministério Público de Goiás.
O pedido de prisão havia sido protocolado no fim da tarde de quarta, 12, no Fórum de Abadiânia, município onde o líder espiritual mantém o Casa Dom Inácio de Loyola, local em que faz os "atendimentos espirituais". O MP fundamentou o pedido de prisão preventiva com dois argumentos. Para o MP, em liberdade, João de Deus poderia coagir as testemunhas e, caso mantivesse os atendimentos, fazer novas vítimas.
Mais de 300 mulheres fizeram denúncias ao MP de Goiás contra João de Deus Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil via AP.
Em audiência com o juiz que acompanha o caso, o advogado de defesa de João de Deus, Alberto Zacharias Toron, chamou o pedido de "descabido" na quinta-feira, 13, e solicitou que o médium permanecesse em liberdade. Sugeriu, ainda, que os atendimentos pudessem ser feitos de forma assistida, com a presença de policiais ou monitorado por câmeras.
Toron argumentou que João de Deus tem residência e já se mostrou disposto a colaborar com a Justiça. Na quarta-feira, 12, em um rápido aparecimento que fez na Casa Dom Inácio de Loyola, o líder espiritual disse ser inocente e que estava nas mãos da Justiça. "João de Deus está vivo", disse ele, para um público reduzido de fiéis.
Desde que as primeiras denúncias de abuso vieram à tona, o movimento na Casa Dom Inácio de Loyola caiu. Pelos cálculos de funcionários, na quinta-feira, o local recebeu cerca de um terço do número costumeiro de visitantes. A estimativa é de que o líder atraia mensalmente cerca de 10 mil pessoas, das quais 40% são estrangeiras.
As denúncias de abuso sexual surgiram na semana passada, quando o programa Conversa com Bial, da TV Globo, mostrou depoimento de mulheres que teriam sido vítimas de João de Deus. Depois da divulgação, começaram a surgir novos depoimentos.
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