Padre Edilberto faz alerta ao prefeito eleito de Santarém |
Por: Edmundo Baía Júnior: O atual cenário político do Brasil, do
Pará e de Santarém, onde diversas mudanças ocorreram devido ás eleições
municipais de outubro deste ano, além do impeachment da Presidente Dilma
Roussef (PT) e a ocupação do maior cargo da administração pública
nacional por Michel Temer (PMDB) motivou o padre Edilberto Sena a tecer
duras críticas relacionadas a atual conjuntura da classe política. Continue lendo.
O coordenador da Comissão de Justiça e
Paz da Diocese de Santarém, padre Edilberto Sena intitulou o atual
quadro político como “túnel sem luz no final”. Para ele, a população não
pode cruzar os braços diante dos problemas que estão acontecendo no
País ocasionado pela classe política. “Diante desse túnel sem luz no
final, da política e administração pública nacional, não se pode cruzar
os braços. Estão sendo esmagados direitos de pobres, trabalhadores e até
da classe média, em nome de um equilíbrio das contas públicas, de quem?
É preciso se cultivar a esperança entre as trevas. Resistir e construir
um novo caminho, no Município. Aqui a democracia pode ser exercida mais
concretamente. A sociedade está mais próxima dos servidores públicos
(Prefeito, vereadores, secretários). O caminho é mais curto para os
sindicatos, associações de comunidades e movimentos populares chegarem a
eles”, aponta o religioso.
Mesmo que a democracia esteja bastante
desgastada, segundo padre Edilberto, ela ainda é o sistema possível de
convivência entre os seres humanos. “Teoricamente pela democracia o
poder político tem origem no povo. Pela Constituição Nacional ‘todo
poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos,
ou diretamente nos termos da Constituição’. Para isso, é possível o
plebiscito, os conselhos municipais. Então, o Prefeito e os vereadores
são servidores da sociedade (o povo)”, mostra o padre.
Devido ao desgaste da democracia, padre
Edilberto alerta que o Brasil vive uma ditadura parlamentar e jurídica.
“Como a democracia brasileira está demais desgastada, vivemos uma
ditadura parlamentar e judiciária, ao menos no Município se pode exercer
o poder que emana do povo”, diz.
ADMINISTRAÇÃO MUNICIPAL: Em
janeiro de 2017, o município de Santarém vai receber novo Prefeito e
uma Câmara de vereadores renovada, porém, para o padre Edilberto, a
mudança dificilmente vai acontecer. “Alguns vícios não vão mudar
facilmente da parte deles. Mas é tempo de a sociedade civil assumir seu
poder. Precisa ter consciência e disposição para exercer seus direitos
humanos coletivos, como também conhecer os papéis essenciais de um
Prefeito e de uma Câmara de vereadores”, argumenta o devoto.
Ele lembra que durante a campanha
eleitoral deste ano, o novo Prefeito prometeu mudança em relação aos
últimos quatro anos mal administrado por Alexandre Von (PSDB). Para
padre Edilberto, Nélio Aguiar (DEM) tem o período de dois anos para
mostrar que falou sério à população de Santarém e promover a mudança
prometida em campanha.
“Prometeu basicamente administrar o
Município com o povo e levando em conta as periferias, urbanas e rurais.
Ele tem dois anos para mostrar que falou sério. Para isso, vai ter que
escutar os diversos distritos, regiões, bairros. Terá que ter um
competente Secretário de Planejamento para organizar um mandato
participativo, como aconteceu em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul,
anos atrás. Escutando a sociedade em assembleias populares, vai poder
sentir quais são as urgências das maiorias, vai expor com transparência
os limites de recursos e com as assembleias, fazer prioridades de
governo. Irá o novo Prefeito seguir esse modelo? Eis um de seus
desafios”, analisa padre Edilberto Sena.
TRANSPARÊNCIA: Para que
o novo prefeito Nélio Aguiar faça um bom governo, padre Edilberto
observa que ele terá que “se desligar de seus amigos oportunistas, os
sanguessugas da administração pública”. Se Nélio for transparente, de
acordo com o religioso, ele fará a mudança que prometeu à sociedade de
Santarém.
Quanto aos 21 vereadores, padre
Edilberto ressalta que eles devem se aproximar da população, para poder
fazer mudanças. “E os senhores vereadores que mudança farão? Revendo a
Câmara que exerceu mandato nos últimos quatro anos, não há dúvida que
precisa de uma verdadeira conversão. Se todos levarem a sério as duas
funções essenciais de um Vereador haverá mudança. Quais são? Eles devem
sentir as urgências das comunidades e bairros; compreender a
necessidade de urbanização correta da cidade; visitar periodicamente
todas as áreas rurais e urbanas para acompanhar, tanto as necessidades
da sociedade, como as ações do Prefeito e seus secretários. E aí criar
leis adequadas”, sugere padre Edilberto.
Para ele, o Vereador não é aliado do
Prefeito, mas da sociedade como um todo. “O Vereador deve fiscalizar o
mandato do Prefeito e seus secretários. O Vereador não é aliado do
Prefeito, mas aliado da sociedade que o elegeu. Não tem que pedir
favores do Prefeito, mas levar os movimentos sociais até o Prefeito com
as reivindicações assumidas nas assembleias populares”, mostra o devoto.
MUDANÇA: Segundo padre
Edilberto, a mudança deve acontecer não somente pelos servidores, mas,
também, por sindicatos e entidades sociais. “Muda ou não muda a política
municipal? Não só pelos servidores, mas principalmente mudará, se os
sindicatos, as associações de moradores, associações de comunidades, se
UNECOS e FAMCOS, acordarem para seu papel, se os sindicatos e as
comunidades religiosas despertarem para sua responsabilidade. Aí mudará e
a democracia reviverá. Vamos todos e todas assumir nossos papéis?”,
pergunta padre Edilberto Sena.
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