Cemitério de vítimas da chacina de Pau D'Arco, no Pará (Foto: Mario Campagnani/Justiça Global/Divulgação) |
Aviolência no campo no Brasil é a maior desde 2003, segundo o relatório da Comissão Pastoral da Terra (CPT) divulgado nesta segunda-feira (16). Em 2017, foram 70 assassinatos, um aumento de 15% em relação ao número de 2016. O Pará liderou o ranking de violência, com 21 assassinatos ano passado.
Dos 70 assassinatos em 2017, 28 ocorreram em massacres, o que corresponde a 40% do total. Desde 1985 a 2017, foram registrados 46 massacres no país com 220 vítimas. No período, o Pará registrou 26 massacres, que vitimaram 125 pessoas.
Assassinatos e julgamentos
Entre os anos de 1985 e 2017, a CPT registrou, em todo Brasil, 1.438 casos de conflitos no campo, que geraram 1904 vítimas. Segundo o estudo, apenas 113 dos casos foram julgados, o que corresponde a 8% dos incidentes.
Nesses 32 anos, a região Norte contabiliza 658 casos com 970 vítimas. O Pará é o estado que lidera na região e no resto do país, com 466 casos e 702 vítimas. Maranhão vem em segundo lugar com 168 vítimas em 157 casos. E o estado de Rondônia em terceiro, com 147 pessoas assassinadas em 102 casos.
Entre os crimes mais recentes, o massacre de Pau D’arco, que ocorreu em maio do ano passado, ganhou reprecussão nacional. Dez pessoas foram mortas com tiros na cabeça durante ação de reintegração de posse realizada por policiais civis e militares. De acordo com a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Pará, os crimes tiveram características de execução. Foi feito um relatório de 18 páginas do caso com base em depoimentos colhidos pelos parlamentares durante uma visita ao município. O estudo apontou o estado como responsável pela chacina.
O Ministério Público, em setembro de 2017, denunciou 17 policiais (13 militares e 4 civis) pela suposta prática dos crimes de homicídio qualificado, milícia privada, fraude processual e tortura. Na quarta-feira (4) deste mês, foi ouvida a última testemunha de acusação do processo. Das 16 testemunhas envolvidas na acusação, foram ouvidas 11. Os depoimentos duraram três dias.
Ataques hackers
Durante o levantamento dos dados, no segundo semestre do ano passado, a Secretaria Nacional da CPT, sofreu seguidos ataques hackers, que prejudicou o funcionamento dos servidores. Segundo a CPT isso acabou comprometendo o desempenho das tarefas diárias da Pastoral. O Centro de Documentação Dom Tomás Balduino, responsável pela catalogação dos dados também foi prejudicado, atrasando o fechamento do relatório.
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