quinta-feira, 24 de março de 2022

Acusado de matar padre na ocupação do Juá é condenado a 19 anos de prisão


Cristian Roberto da Silva afirmou em depoimento que tinha um relacionamento afetivo com o padre desde 2018, e que as investidas partiram de José Ronaldo.
O jovem Cristian Roberto da Silva, 20 anos, foi condenado a 19 anos de prisão por matar o padre José Ronaldo Gomes Brito. A pena deve ser cumprida em regime fechado. A versão de Cristian, de que ele agiu em legítima defesa e sem intenção de matar padre Ronaldo não convenceu os jurados.
Cristian foi julgado em sessão do júri popular nesta quinta-feira (24). O julgamento presidido pelo juiz titular da 3ª Vara Criminal começou às 8h30 no salão do júri e se arrastou por todo o dia. Por prevenção à Covid-19, apenas pessoas diretamente envolvidas no julgamento puderam participar. Do lado de fora, estudantes de direito e pessoas ligadas à igreja católica em Santarém, que não tiveram acesso ao salão do júri.
Ao todo, 10 testemunhas foram convocadas., entre elas a delegada que presidiu o inquérito do caso, Raíssa Beleboni, e policiais que atenderam a ocorrência de acidente de trânsito que Cristian se envolveu no dia em que matou o padre. O crime aconteceu na virada do ano de 2020 para 2021, mas o corpo do padre só foi encontrado três dias depois.
Cristian fez questão de depor. Disse que só soube que José Ronaldo era padre quando surgiu a notícia de que um padre tinha sido encontrado morto em sua residência, na ocupação Bela Vista do Juá. Segundo ele, o padre sempre se apresentou como “Professor Robson”. E durante todo o depoimento, Cristian se referiu à vítima como Robson.
O réu disse que tinha um relacionamento afetivo com a vítima desde 2018, depois que padre Ronaldo deu dinheiro para Cristian e um amigo comprarem cerveja. Eles passaram a manter contato, se aproximaram e passaram a ter relações sexuais.
O motivo do crime teria sido a tentativa de padre Ronaldo de ter uma relação não consensual com Cristian na virada do ano, após uma bebedeira. Segundo Cristian, o padre era sempre o passivo na relação, mas na virada do ano, insistiu para ser o ativo e isso gerou o desentendimento que culminou com a morte dele.
“Ele já tinha me pedido uma outra vez. Ficou injuriado, com raiva, mas deixou passar. No dia em que tudo aconteceu, eu falei que não ia rolar nada porque eu tava com muita dor, mas ele queria que fosse naquela hora, e saiu resmungando na direção da cozinha, quando eu tirei o braço de cima do rosto vi que ele já vinha com a faca na mão. Achei que era brincadeira porque ele nunca tinha demonstrado esse tipo de comportamento agressivo, agitado. Perguntou: ‘Tu vai querer me dar ou não vai?’”, disse Cristian no depoimento.
Ainda de acordo com o réu, por um momento ele conseguiu acalmar padre Ronaldo trocando alguns carinhos com ele, e achou que fosse ficar tudo bem.
“Eu disse que era pra ter calma, a gente se abraçou, ficou um pouco. Foi quando eu consegui que ele soltasse a faca, ela caiu no chão, ele quis pegar a faca de novo, mas eu consegui pegar a faca. le não queria me soltar, queria porque queria pegar a faca. Eu empurrei ele e foi junto com a faca, foi quando caiu. Aí ele ainda levantou, já estava com a mão cheia de sangue, e quando eu vi aquilo eu sai correndo, fiquei desesperado, porque isso nunca tinha acontecido na minha vida”, relatou.
Cristian disse mais de uma vez durante o depoimento, que “Robson” (padre Ronaldo) era uma pessoa tranquila e que se dava bem com todo mundo, e que por isso ficou surpreso com o comportamento dele na última vez que estiveram juntos.
“Ele era um cara bacana, sabia conversar com as pessoas. Eu não queria que tivesse acontecido isso. Mas aconteceu. Não sei o que aconteceu na cabeça dele na hora. Nós estávamos bebidos. E foi isso”.
Cristian que foi preso pela morte de padre Ronaldo no dia 11 de janeiro de 2021, retorna à penitenciária de Santarém para cumprir o restante da pena por homicídio qualificado por motivo fútil e por ter utilizado meio que dificultou ou impossibilitou a defesa da vítima.



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