terça-feira, 23 de novembro de 2021

Complexo do Salgueiro: suspeito de assassinar PM em emboscada também morre; já são 10 óbitos nos confrontos



A Polícia Militar do RJ informou que um dos homens suspeitos de matar o sargento Leandro Rumbelsperger da Silva no último sábado (20) também morreu. Ele foi identificado como Igor da Costa Coutinho.
Com essa morte, subiu para 10 o número de óbitos nos confrontos no Complexo do Salgueiro no fim de semana: o PM, esse suspeito da emboscada e os oito corpos do mangue.

Em nota, a PM explicou que policiais do Bope foram para o bairro das Palmeiras ainda no sábado “após informação de que um dos indivíduos que atacaram a equipe do 7º BPM (São Gonçalo) estaria ferido ainda no interior desta região”.

“Por volta das 15h de domingo, uma equipe do Samu foi acionada ao Salgueiro por conta de um indivíduo ferido, e criminosos armados obrigaram a retirada deste do local”, continuou a PM.

“O homem foi a óbito e reconhecido por policiais do 7º BPM como um dos envolvidos no ataque criminoso à guarnição no sábado”, afirmou a corporação.

Delegacia pede lista de PMs

A Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá investiga o caso. O g1 apurou que a especializada já requisitou a lista de todos os PMs que participaram da operação do fim de semana.

As armas dos policiais que participaram da ação ainda não foram apreendidas. Como a Polícia Civil só foi acionada mais de um dia depois da ação, os corpos foram removidos pelos próprios moradores, após ficarem o domingo inteiro no mangue.

Veja abaixo respostas para algumas perguntas sobre a chacina.
Onde fica o Complexo do Salgueiro?
O conjunto de favelas fica em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, e integra sete comunidades:

Fazenda;
Itaoca;
Itaúna;
Luiz Caçador;
Palmeiras;
Recanto das Acácias;
Salgueiro.

O complexo tem a ver com a escola de samba?
Não. A quadra da Acadêmicos do Salgueiro fica no Andaraí, e o Morro do Salgueiro, onde a agremiação se formou, na Tijuca — ambos na Zona Norte do Rio, sem relação com as comunidades gonçalenses.
Quantas pessoas morreram?

Até a última atualização desta reportagem, dez pessoas — um policial militar, um suspeito de atacá-lo e os oito homens encontrados no manguezal.

Carlos Eduardo Curado de Almeida, retirado do mangue;
David Wilson Oliveira Antunes, retirado do mangue;
Douglas Vinicius Medeiros da Silva, retirado do mangue;
Élio da Silva Araújo, retirado do mangue;
Igor da Costa Coutinho, apontado como um dos assassinos do sargento.
Ítalo George Barbosa Gouvea Rossi, o Sombra, retirado do mangue;
Jhonatan Klando Pacheco Sodré, retirado do mangue;
Kauã Brenner Gonçalves Miranda, retirado do mangue;
Leandro Rumbelsperger da Silva, sargento do 7º BPM (São Gonçalo), morto em Itaúna numa emboscada;
Rafael Menezes Alves, retirado do mangue.
Os mortos no mangue eram criminosos?
Segundo a Polícia Civil, David e Kauã não tinham anotações criminais.
Carlos Eduardo: 8 anotações criminais por tráfico de drogas, receptação, ameaça, desacato, falsa identidade e associação para o tráfico.
Élio: uma anotação por esbulho possessório — tomada de algum bem mediante violência.
Ítalo Sombra: 6 anotações por homicídio qualificado, porte ilegal de arma de fogo, tráfico de drogas, corrupção ativa e associação ao tráfico.
Rafael Alves: flagrado como envolvido em tráfico de drogas e corrupção de menores.
Não havia informações sobre Douglas e Jhonatan.

O que dizem as famílias?

Moradores do Salgueiro disseram que os oito corpos encontrados no mangue apresentavam sinais de tortura.

Segundo familiares, o corpo de Kauã, que tinha 17 anos, teve um dedo da mão cortado.

“Já sabiam que iriam matar, então por que fazer isso? Por que torturar? Parece que estão matando bicho, matando rato. Meu irmão não fazia mal para ninguém. Fizeram muita maldade com ele. Tem adolescente aí que tiveram os dedos arrancados. Para que fazer isso?", disse Milena Menezes, irmã de Rafael Menezes Alves, de 28 anos.

Os responsáveis pela investigação negam que existam indícios de que os mortos tenham sido torturados.

A que horas foi o confronto?

Foram 48 horas de conflito no Complexo do Salgueiro.

6h20 de sábado (20): o sargento Rumbelsperger estava chegando para assumir o patrulhamento em Itaúna quando bandidos o atacaram. O PM chegou morto ao hospital.
22h de sábado: moradores do Complexo do Salgueiro relataram intensa troca de tiros. Segundo a PM, era o Bope, em “ação para estabilizar o terreno”.
Fim da manhã de domingo (21): Carmelita Francisca de Oliveira, de 71 anos, foi atingida no braço por uma bala perdida. Ela foi medicada e recebeu alta.
Noite de domingo: a PM informou que uma operação estava em andamento.
7h20 de segunda (22): moradores começam a retirar corpos de um mangue

Como foi o confronto?

Policiais entraram no local logo após a morte do sargento Leandro no sábado (20). Começou, então, uma troca de tiros.

A TV Globo apurou que os bandidos, em número bem maior que oito, estavam em uma área de mata fechada. Em espaço descampado e a cerca de 150 metros, estariam os policiais militares.

Os corpos foram jogados no mangue de forma proposital?

Ainda não foi esclarecido como as oito pessoas foram mortas na região de manguezal. No entanto, já se sabe que a investigação será difícil, uma vez que os corpos foram removidos do local pelos moradores, alterando a cena do confronto.

Por que a PM demorou um dia inteiro para acionar a Polícia Civil?

Ainda não se sabe. A Polícia Civil vai investigar a Polícia Militar por ter demorado um dia para acionar a delegacia da região sobre a operação do Bope – a operação começou na manhã de domingo (21) e investigadores da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e Maricá (DHNSGI) afirmam que a Civil foi acionada apenas na segunda (22).

Quem é o criminoso que está à frente do tráfico de drogas no Salgueiro?



Cartaz de procurado de Rabicó, chefe do tráfico do Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo — Foto: Reprodução

Segundo a polícia, o chefe dos criminosos do local é Antônio Ilário Ferreira, o Rabicó. Após passar um período detido na penitenciária federal do Mato Grosso do Sul, após ser beneficiado por uma decisão do Supremo Tribunal Federal, ele foi colocado em liberdade em novembro de 2019.

Rabicó transformou o Salgueiro em uma espécie de nova fronteira do roubo de cargas da Região Metropolitana.

Segundo fontes do RJ2, Rabicó estava na mata com outros bandidos quando aconteceu o tiroteio.



com informações G1RIODEJANEIRO

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