quarta-feira, 3 de dezembro de 2025

NO PARÁ , COTAS DE PROTEÇÃO AMBIENTAL APROXIMAM PRODUÇÃO RURAL DA PRESERVAÇÃO DA FLORESTA

Cada cota corresponde a um hectare de área preservada em unidades de conservação de proteção integral. Hoje, o Pará possui cerca de 5,9 milhões de cotas disponíveis.
A Cota permite que a regularização ambiental, muitas vezes vista como obstáculo, se transforme em oportunidade
A política ambiental do Pará chega a 2025 com um novo capítulo. Após duas décadas da promulgação do Macrozoneamento Ecológico-Econômico do Estado, a Cota de Proteção Ambiental (CPA) – prevista no Código Florestal Brasileiro e regulamentada no Pará pelo Decreto Estadual nº 4.613/2025 – começa a apresentar resultados concretos. 
Criada para valorizar as unidades de conservação e oferecer uma alternativa legal para a regularização ambiental de propriedades com passivos consolidados até 2008, a CPA já beneficia produtores, fortalece a gestão ambiental e abre caminho para uma nova relação entre economia e floresta.
Cada cota corresponde a um hectare de área preservada em unidades de conservação de proteção integral. 
Hoje, o Pará possui cerca de 5,9 milhões de cotas disponíveis. 
Ao adquirir cotas, produtores compensam sua reserva legal, regularizam o imóvel e contribuem para a manutenção de áreas protegidas. 
O pagamento pode ser anual – R$ 100,00 por hectare – ou à vista, R$ 900,00 com 40% de desconto. 
Também há cotas não compensatórias, de caráter voluntário, ao custo de R$ 60,00 por hectare.
O assessor técnico do Ideflor-Bio, Thiago Valente, explicou que o mecanismo é duplamente vantajoso. 
“A CPA conecta produção e conservação, ao mesmo tempo em que garante a manutenção das unidades de conservação com recursos permanentes”, destacou. 
Segundo ele, isso assegura sustentabilidade financeira ao Sistema Estadual de Unidades de Conservação (Seuc), amplia a proteção da biodiversidade e oferece segurança jurídica ao produtor rural.
Regularidade ambiental - Na prática, o produtor que tem passivo consolidado até julho de 2008 pode compensar sua reserva legal com CPAs, sem precisar reflorestar a própria área. 
O avanço já aparece nos números: aproximadamente 22 mil cotas foram adquiridas, beneficiando mais de 5 mil propriedades rurais. Municípios com forte atividade agropecuária, como Redenção (no Sul) e Dom Eliseu (Sudeste), estão entre os que mais aderiram, convertendo um cenário de insegurança jurídica em oportunidade de adequação ambiental. 
Diversos processos de regularização já foram concluídos, e novos pedidos estão em análise.
O marco mais simbólico ocorreu com a entrega dos primeiros certificados emitidos oficialmente pelo Estado. 
A Fazenda Goiabeiras, em Pau D’Arco (Sul), e a Fazenda Recanto, em Novo Progresso (Sudoeste), foram as primeiras propriedades a regularizar seus passivos via CPA. 
O momento foi celebrado como um divisor de águas, colocando o Pará entre os pioneiros na aplicação prática do instrumento previsto no Código Florestal.
Para os produtores, a mudança traz alívio e perspectiva. 
“Eu tinha vontade de regularizar, mas não tinha como recuperar sozinho toda a área de reserva. 
Com a cota, consegui cumprir a lei, manter a propriedade funcionando e ainda contribuir para a proteção da floresta. 
É justo para quem produz, e justo para a natureza”, assegurou o agricultor José Abílio Lopes, de Dom Eliseu.
Convergência - Segundo o presidente do Ideflor-Bio, Nilson Pinto, a CPA se consolida como um ponto de encontro entre agendas historicamente vistas como opostas. 
No Pará, onde a produção rural ocupa papel estratégico na economia, e a floresta é patrimônio mundial, a política revela que é possível equilibrar os dois lados. 
E que a regularização ambiental, muitas vezes vista como obstáculo, pode se transformar em oportunidade.
Ele afirma, ainda, que o modelo cria um novo elo entre conservação e economia. 
“A CPA é uma inovação que fortalece a gestão das unidades de conservação e amplia a segurança jurídica para os produtores rurais. 
É uma solução que aproxima a conservação da biodiversidade da economia do campo, garantindo benefícios para toda a sociedade paraense”, disse Nilson Pinto.
Além de canalizar recursos financeiros para a gestão de unidades de conservação, a CPA inaugura uma lógica de mercado baseada em serviços ambientais. 
Em vez de enxergar áreas protegidas como barreira ao desenvolvimento, produtores agora podem vê-las como parte da solução. 
A política cria um ciclo virtuoso: quem produz financia a preservação, e quem preserva recebe recursos para manter a floresta em pé.
Fonte : Agência Pará
Blog do Xarope via Agência Pará

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